SBP Sociedade Brasileira de Psicologia

Mais uma Possível Causa do Autismo

Inflamação reduz conexões de neurônios obtidos em laboratório a partir de células do dente de crianças com o transtorno neurológico

Dentes de leite que chegam ao laboratório dos pesquisadores do projeto “A fada do dente”, na Universidade de São Paulo (USP), estão ajudando a conhecer melhor as alterações queaut fapesp podem ocorrer no cérebro em algumas formas de autismo, um conjunto de distúrbios de origem neurológica que se manifestam na infância e podem prejudicar, em maior ou menor grau, as capacidades cognitiva, de comunicação e de interação social, além da habilidade motora.

De causas ainda pouco conhecidas, o autismo – ou os transtornos do espectro do autismo, como preferem os especialistas – inclui quadros tão variados quanto o autismo clássico, marcado por dificuldades severas de linguagem e de interação social, ou a Síndrome de Asperger, na qual a inteligência é normal ou superior à média e a aquisição da linguagem se dá sem problemas, mas são comuns os gestos repetitivos e a falta de controle em movimentos delicados.

Esses transtornos atingem cerca de 1% das crianças na Inglaterra e nos Estados Unidos – não há estudos detalhados sobre sua frequência no Brasil – e são quatro vezes mais comuns entre meninos do que entre meninas.

A partir de dentes de leite doados por crianças com e sem autismo, os grupos liderados pelos neurocientistas brasileiros Patricia Beltrão Braga, da USP, e Alysson R. Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, confirmaram que uma inflamação em células cerebrais chamadas astrócitos pode estar associada ao desenvolvimento de uma forma grave desse transtorno. Mais importante: ao menos em laboratório, o controle da inflamação nos astrócitos reverteu alterações que ela provoca nos neurônios, as células responsáveis por transmitir e armazenar informações no cérebro e que se encontram mais imaturas nessa forma de autismo.

Em Porto Alegre, uma equipe da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul blog autismo(PUC-RS), liderada pelo neurocientista Augusto Buchweitz e pelo cientista da computação Felipe Meneguzzi, vem usando uma ferramenta computacional chamada aprendizagem de máquina para criar uma sequência de procedimentos autônomos (algoritmo) que tenta distinguir uma pessoa com autismo de outra sem o problema, a partir da análise de imagens do cérebro em funcionamento. O grupo desenvolveu um algoritmo classificado como deep learning, que aprende a fazer essa diferenciação de modo autônomo, sem a necessidade de dicas dos pesquisadores. A estratégia alcança um nível elevado de acerto em condições específicas e não tem o objetivo de substituir o diagnóstico clínico.

Para mais informações, acesse: http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/01/16/mais-uma-possivel-causa-do-autismo/?cat=ciencia

 

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